Abundância
Silvana Maldaner
Editora de revistaO termo "vida abundante" vem da Bíblia, consta no versículo João 10:10, "eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância." Em abundância significa ter em grande quantidade de uma coisa. É o resultado do estado de prosperidade, riqueza e bem-estar.
Refere-se à vida em sua plenitude de alegria e de força para a mente, o corpo e a alma.
Teoricamente, ter uma vida abundante é uma coisa boa, quando se tem sabedoria.
Para muitas pessoas, ter demais, por vezes, é o seu martírio. Acreditam que tudo gira ao seu redor. Que o mundo todo lhe cobiça ou que sua prosperidade lhe faz ser um ser humano melhor que os outros. Aguar uma planta é importante, é vital, mas, se for demais, afoga. Não é sinal de amor e cuidado, e sim de exagero.
Tomar um remédio é bom e importante, mas se exagerar na dose, pode matar.
Quantas pessoas crescem, fazem sucesso, e não aproveitam a sua abundância para o bem, com sabedoria e equilíbrio. Afundam-se em substancias para relaxar, para dormir, para desestressar, para emagrecer, para ficar ligado e assim, destroem toda a abundancia divina por não saber lidar com as emoções e com o próprio sucesso.
Muitos novos ricos não conseguem aproveitar suas conquistas, pois vivem nas suas crenças limitantes de pobreza e acreditam que a qualquer momento podem perder tudo.
Uma linha bem tênue que separa da avareza.
Conheci o Tio Patinhas quando criança, li tudo sobre ele e o Pato Donald que passava a vida inteira querendo aproveitar a fortuna do tio que vivia como pobre para não desperdiçar.
Fico pensando o quanto destruímos nossa abundância de saúde, de alegria, de bem-querer e da própria vida.
Tem gente que não reconhece sua abundância, e, talvez, somente se conscientize quando acaba o seu tempo e não consegue mais usufruir das grandes dádivas. Transbordamos o que temos de abundância. Você já refletiu o que tem transbordado?
Medo? Escassez? Tristeza? Morte? Inveja?
Por vezes, aceitamos os lixos transbordados dos outros. As amarguras, o pessimismo e a miséria interior. Mas é uma decisão pessoal em pegar para si o que tem de pior nos outros.
Somente uma coisa não temos em abundância, é o tempo. Ele tem finitude e, a qualquer momento, acaba aqui na terra.
Então, amados leitores, usufruem de sua abundância com sabedoria e transborde, agora, tudo que tiver dentro de você. Seja o primeiro a jogar no outro a alegria e o desejo de viver em paz.
O criador da implantodontia
Paulo Antônio Lauda
Cirurgião-dentista e ex-professor da UFSMPoucas pessoas sabem a importância do Dr. Per-Ingvar Branemark (1929-2014). Ele era uma Ortopedista de Gotemburgo, na Suécia, que pesquisava sobre protocolos nos procedimentos ortopédicos, cirurgias ósseas e deficiências -físico funcionais. Em 1965, estudava em tíbias de coelhos o processo hematopoiético. Observava "in vivo" a medula óssea dos coelhinhos através de observações de câmeras introduzidas nas suas tíbias.
Certa vez, percebeu que aquelas câmeras, inicialmente, feitas em aço inoxidável e que, normalmente, se soltavam do osso vivo com facilidade na sua remoção, foram confeccionadas em outro material, o titânio. Estas, diferentemente das anteriores, ficavam aderidas à estrutura óssea. Em um bate papo informal com um colaborador, lamentou ter perdido algumas das câmeras de estudo na remoção do osso dos coelhinhos. Elas ficaram muito coladas. O colaborador disse em tom de brincadeira: - Doutor, coloque estas câmeras na boca da minha esposa que anda frouxando e caindo os dentes... E, a partir daí, deu-se o clique de um cientista!
E foi assim que o nosso ortopedista começou estudar melhor o ocorrido. Confeccionou parafusos de titânio com rosca externa/interna e fez vários experimentos em animais vivos para confirmar a fixação. Todos colaram na estrutura óssea. O titânio, hoje, considerado um material biocompatível, que apresenta (de 1 a 3%) de rejeição. A academia científica não tinha um nome para este fenômeno. Então, ele contratou um linguista para criar um termo universalmente aceito para definir o respectivo achado científico.
Assim, nasceu o termo "osteointegração" ou osseo-integração. O Dr. Branemark, mais tarde, veio morar no Brasil, na cidade de Bauru/SP, com incentivo de toda odontologia brasileira e também por intermédio do Dr. Carlos Eduardo Franciscone, que foi seu amigo e cicerone brasileiro (década de 1990). Escolheu nosso país porque o amava e dizia que o Brasil tinha grande potencial na odontologia. Recebeu enorme estímulo das indústrias brasileiras que começavam a produção de implantes. Foi realizado um belíssimo trabalho e, com muita dedicação, desenvolvidos muitos trabalhos científicos. Inclusive, lá em Bauru, foi instalado um dos 9 P-I Branemark Institute Mundiais existentes que, mais tarde, tornou-se referência internacional para pesquisa e desenvolvimento na ciência da osseointegragração aplicada a reabilitação médica e odontológica. Com o passar dos anos, a implantodontia mundial e brasileira desenvolve ligas, desenhos, tratamentos de superfície que tornaram o uso rotineiro dos "implantes ósteo-integrados" na clínica odontológica diária ao redor de todo o mundo.
Em dezembro de 2014 o Dr. Branemark faleceu, mas deixou um legado fantástico para toda humanidade. Hoje, a odontologia mundial conta com técnicas que permitem a recolocação de dentes fixos em um desdentado total em um dia apenas com o uso dos implantes. Hoje, também já se utilizam implantes dentários feitos em outros materiais que também ósseo-integram.